O armador de ferragem Gilberto Vieira dos Santos, de 62 anos, de Rio Claro (SP), chegou a chorar de nervoso e estresse após ser “esquecido” pelo transporte da Fundação Municipal de Saúde por mais de 30 horas no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú (SP). O caso aconteceu no dia 25 de março.

Ele faz tratamento contra um câncer de intestino há 10 anos e estava com uma bolsa de colostomia, além de estar sem remédios, banho, comida e local para dormir. Rio Claro fica a 128 km de Jaú e a viagem dura cerca de 1h30.

“Você nem imagina o quanto eu chorei. O que eu passei eu peço a Deus que não aconteça com mais ninguém. A gente que faz tratamento contra o câncer é difícil, imagina fazer quimioterapia e radioterapia. O tratamento é complicado e tem que ter cabeça para aguentar uma bolsa de colostomia há 10 anos”

O paciente disse que tentou dormir em uma cadeira disponibilizada por um guarda do hospital. Porém, a situação deixou o paciente estressado e a pressão subiu na madrugada.

“Fiquei em uma cadeira dura, e pelo menos não fiquei no tempo [ao relento], estava esfriando. Mas passei mal a noite, minha pressão subiu, tive dor de cabeça, e busquei o pronto atendimento do hospital às 4 da manhã. Tive que tomar remédio de pressão”, disse.

Gilberto saiu de transporte municipal de sua cidade às 3h30 da madrugada com mais quatro pacientes para uma consulta marcada às 11h30 em Jaú. O transporte só foi buscar o homem no outro dia às 10h30 da manhã. Ele só foi chegar em sua casa às 12h, ou seja, 33 horas depois de ter saído.

O paciente disse que ao ligar para o motorista para saber aonde seria o ponto de encontro, recebeu a informação de que outro motorista voltaria para buscá-lo.

“Ele falou que já estava em Rio Claro, mas falou para eu ficar tranquilo que iriam me buscar, fiquei esperando, deu 16h, e foi passando a hora até que chegou 20h e vi que ninguém viria me buscar”, disse.
No horário noturno, não havia mais ônibus para voltar a Rio Claro. A ala do hospital onde ele faz o acompanhamento já tinha sido fechada, e as assistentes sociais já tinham indo embora.

“Quando fui procurar a assistente social não tinha mais ninguém lá, mas se eu tivesse procurado antes teriam dado um jeito em casa de apoio”, contou.

Gilberto já passou por três cirurgias no Hospital Amaral Carvalho e, até hoje, precisa retornar para fazer exames e acompanhamentos.

Via G1