A mulher que sofreu queimaduras, bolhas, necroses e perda de tecido ao passar por um combo de cirurgias plásticas em Florianópolis afirmou estar aliviada com a condenação do médico Marcelo Evandro dos Santos, apontado como responsável pelas lesões. Na quarta-feira (29), a Justiça determinou que ele cumpra cinco anos de prisão em regime semiaberto.

A cirurgia pela qual Letícia Melo passou ocorreu em fevereiro de 2024. Segundo o relato dela, foram mais de 12 horas de procedimentos. Ao tratar o caso, o Ministério Público (MP) usou o termo “X-Tudo” para descrever os múltiplos procedimentos de uma só vez.

“As marcas do que passei ficarão para sempre em meu corpo, alma e mente, mas sei que sou uma vitoriosa e agradeço por ter saído desse sofrimento viva”, disse a vítima.

A condenação foi divulgada na quarta-feira (29) por Letícia. Ao g1, a vítima também afirmou que a sentença representa, a cada pessoa, a luta por direito, dignidade, por respeito e principalmente pela verdade.

“Ainda há etapas a serem percorridas nesse processo, mas hoje celebramos uma vitória histórica e simbólica. Que essa decisão inspire outras pessoas a acreditarem: a justiça existe, e quando caminhamos com verdade, ela chega”, afirmou.
Procurada, a defesa do médico disse que vai recorrer da decisão. Os advogados disseram também que não foi assegurado ao médico o “pleno exercício do contraditório” e a paciente “apresentava um fator genético pré-existente que, durante o ato cirúrgico, evoluiu para doença sintomática” (leia a íntegra no fim do texto).

Santos foi condenado por lesão corporal de natureza grave, com deformidade permanente. Em setembro deste ano, o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) renovou, por mais seis meses, a interdição cautelar que impede o médico de exercer a medicina.

Termo usado pelo MP
Na época em que o caso veio à tona, em outubro de 2024, MPSC emitiu uma nota afirmando acompanhar as investigações para saber se “esse tipo de procedimento, conhecido como “X-Tudo” (feito em várias partes do corpo ao mesmo tempo)” era permitido. Em outro trecho, o órgão disse:

“O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) instaurou uma investigação para verificar a legalidade de cirurgias plásticas conhecidas como ‘X-Tudo’, que são feitas em várias partes do corpo ao mesmo tempo”, disse o órgão à época.
Entenda o caso
Conforme a ação penal, o médico fez uma série de procedimentos estéticos em sequência e a cirurgia na vítima durou cerca de 12 horas. Letícia apresentou diversas lesões corporais, que evoluíram para necroses em diferentes partes do corpo.

A denúncia contra o médico foi feita após um inquérito da Polícia Civil que o indiciou. Imagens (veja acima) mostraram que a mulher sofreu diversos ferimentos pelo corpo. A vítima passou 11 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ficou mais de dois meses internada.

“Meu corpo começou a criar bolhas, começaram a aparecer umas secreções. Eu comecei a ficar totalmente queimada na barriga, nas pernas, nos braços, foi subindo para os seios e eu fiquei 20 dias ali, praticamente necrosando”, contou a vítima em reportagem à NSC TV.

Via G1