O mês de outubro é marcado por histórias de coragem, fé e superação. São relatos de mulheres que, diante de um diagnóstico de câncer de mama, encontram dentro de si uma força que nem sabiam que tinham. Uma dessas histórias vem de São Manuel, no interior de São Paulo.

Maria Inês Vernini Negrelli, de 58 anos, descobriu a doença em fase inicial, passou por cirurgia para retirada do tumor e agora celebra o fim do tratamento com a conclusão de 15 sessões de radioterapia.

Inês é mãe do repórter Luís Negrelli, da TV TEM, e uma das entrevistadas na terceira reportagem da série “Resistir”, exibida no TEM Notícias 1ª Edição e que trata sobre a importância do diagnóstico precoce, das redes de apoio para pacientes e dos avanços da ciência no tratamento contra o câncer de mama no mês em que é realizada a campanha Outubro Rosa.

“Nunca imaginei ter que enfrentar um câncer”
Maria Inês sempre foi muito preocupada com a saúde e, com frequência, realizava exames de rotina. No início de 2025, depois de se aposentar, estava na expectativa de viver uma nova fase, aproveitando para curtir a vida de forma mais leve com os dois filhos, o marido e o neto, Lorenzo, de 2 anos. Foi nesse momento que descobriu o câncer de mama.

O tumor, de apenas 1,5 centímetro, estava em estágio inicial. O diagnóstico veio após um gesto simples, mas essencial: o autoexame.

“Eu estava no banho e senti que havia algo diferente. Marquei o médico e logo veio o diagnóstico. Era um tumor pequeno, no começo. Os médicos me deixaram muito confiante, e eu agarrei isso com fé”, conta.
Apesar do choque com a descoberta, Inês diz que não se abateu e enfrentou tudo de cabeça erguida. Logo foi encaminhada para o tratamento no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú, uma das principais referências em oncologia do país.

Foi preciso passar por uma cirurgia para retirada do tumor e também para reconstrução da mama. Em seguida, durante três semanas, percorreu mais de 50 quilômetros até o hospital para as sessões de radioterapia.

Nesse percurso, sempre foi acompanhada do marido, Edilson. “Desde que a doença foi descoberta, acompanhei minha esposa em todo o tratamento. Foram muitas viagens, mas, graças a Deus, tudo deu certo. Fomos atendidos com muita presteza e carinho, o que ajudou no tratamento”, conta.

Apoio da família
“Apesar de ser um momento difícil, que eu nunca imaginei passar, está sendo leve. Encontrei em mim uma força interior que eu achava que não tinha. Tenho muita fé em Deus, e isso tem me sustentado. Minha família está comigo, e isso faz toda diferença”, afirma Inês, emocionada.

A filha, Érica Negrelli, conta que, apesar do susto inicial, sempre viu a mãe como uma mulher imbatível e nunca duvidou de que ela venceria a doença.

“Tinha certeza de que tudo se tornaria mais um testemunho de sua força, coragem e fé em Deus. Ela sempre disse que Deus se encarregaria de providenciar tudo que fosse necessário, então tentei sempre transmitir calma e força para ela e também apoio. Ela é minha maior inspiração de vida, pois é uma forte, guerreira e carrega uma doçura e amor incomparáveis”.

No dia 24 de outubro, a mãe do jornalista comemorou a última sessão de radioterapia no hospital tocando o sino, gesto simbólico e emocionante realizado por todas as pacientes que finalizaram o tratamento.

O exemplo que deu origem à série
Foi acompanhando essa rotina, entre idas e vindas ao hospital, que o jornalista Luís Negrelli decidiu criar a série de reportagens “Resistir”, exibida pela TV TEM.

“Um dia, conversando com a minha mãe, perguntei qual tinha sido a melhor fase da vida dela e a resposta me surpreendeu. Ela me disse que estava vivendo agora a melhor fase, mesmo enfrentando um câncer, porque estava se sentindo forte, descobriu uma fé inabalável e percebeu o quanto era amada. Isso despertou em mim a vontade de me aprofundar nesse assunto sobre o câncer e daí nasceu a ideia da série de reportagens”.
Conforme o repórter, o nome dado à série, “Resistir”, faz todo sentido porque só possível entender, de fato, o que essa palavra significa quando se acompanha de perto a jornada de quem enfrenta o câncer de mama. Luís relata que o impacto do diagnóstico foi inevitável, mas que, com o tempo, o medo deu lugar ao acolhimento.

“Nós transformamos o medo do que estaria por vir em união. Ver a minha mãe enfrentando tudo isso com tanta serenidade me ensinou mais sobre coragem do que qualquer pauta que eu já tenha feito.”

Diagnóstico precoce faz a diferença
A história de Maria Inês reforça o que especialistas alertam há anos: detectar o câncer de mama no início aumenta muito as chances de cura. De acordo com a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), quando a doença é identificada precocemente, as chances de cura chegam a 90%.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Brasil deve registrar cerca de 74 mil novos casos de câncer de mama por ano, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma.

Entre os exames indicados para detecção precoce está a mamografia, recomendada para mulheres a partir dos 40 anos, independentemente da presença de sintomas. O exame é capaz de revelar sinais iniciais da doença antes mesmo de o nódulo ser palpável. Além disso, o autoexame das mamas é um aliado importante para que pequenas anormalidades sejam identificadas a tempo.

“Eu só descobri porque fiz o autoexame. Então eu digo a todas as mulheres: não deixem de se cuidar. Procurem um médico, façam seus exames, por favor”, aconselha Maria Inês.
Sintomas que merecem atenção
Os principais sinais do câncer de mama são:

presença de nódulo palpável;
retração ou mudança no formato do mamilo;
secreção anormal;
aumento do volume da mama;
vermelhidão ou espessamento da pele;
nódulos nas axilas;
e dor persistente na mama.
Nem todos os casos apresentam sintomas perceptíveis, o que reforça a importância dos exames preventivos.

❤️‍🩹 ‘Resistir’
Reportagem: Luís Negrelli
Imagens: Aceituno Júnior, Gustavo Luz e Jamie Raphael
Produção: Andressa Santana
Edição de texto: Yonny Furukawa
Edição de imagens: Luan Lima, Barbara Góes e Helo Hess
Edição de texto web: Eric Mantuan e Mariana Bonora

Via G1