A marca Next, conhecida no meio do fisiculturismo, era a principal patrocinadora de um dos maiores campeonatos do país, o Mr. Rio. O presidente da Federação de Culturismo do Estado do Rio de Janeiro, Gustavo Costa.

O grupo construiu uma rede de venda e de promoção, dando a aparência de uma empresa profissional legalizada, mas eles fabricavam e comercializavam anabolizantes de forma clandestina e, segundo as investigações da Polícia Civil do Rio de Janeiro, em condições de insalubridade extrema.

“Esses anabolizantes eram produzidos de forma totalmente clandestina, em condições insalubres: não tinha a licença do órgão competente sanitário. Produtos totalmente nocivos à saúde, que podiam causar até intoxicação”, destaca delegada.

Investigações
As investigações da polícia começaram em junho de 2024, após o setor de inteligência dos Correios identificar uma grande quantidade de remessas de anabolizantes e medicamentos restritos saindo de duas agências de São Gonçalo.

As encomendas tinham como remetentes um nome fictício. Imagens das câmeras de segurança das agências registraram os momentos dos envios. Em um dos flagrantes, um homem mostra um primeiro pacote. Depois coloca mais 17 pacotes para remessa, de diferentes tamanhos.

Em seis meses, as encomendas da quadrilha foram enviadas para todo o país.

Influenciadores pagos para divulgar
A polícia calcula que o grupo movimentou R$ 82 milhões em seis meses com a venda ilegal de anabolizantes.

Uma das peças fundamentais para o sucesso das vendas era a captação de influenciadores digitais que eram patrocinados pela marca. Segundo a polícia, essas pessoas recebiam até R$ 10 mil por mês da quadrilha para promover os produtos ilegais.

Entre eles, um treinador de atletas de fisiculturismo com mais de 720 mil seguidores nas redes sociais.

Prisões
Essa semana, 15 pessoas ligadas ao grupo foram presas, incluindo o chefe da organização, Miguel Barbosa de Souza Costa Júnior, conhecido como “Boss” ou “Escobar”. Miguel foi preso em casa, na cidade de São Gonçalo, região metropolitana do Rio.

Além do tráfico de anabolizantes, a organização criminosa também é suspeita de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e outros crimes financeiros. A polícia afirma que vai investigar também a rede de influenciadores digitais pagos para divulgar os produtos clandestinos.

“É um crime contra a saúde pública com pena mínima de 10 a 15 anos de prisão. É um crime hediondo. Também foram denunciados por crimes contra as relações de consumo e por associação criminosa”, afirma o promotor.
Por mensagem, Gustavo Costa, presidente da Federação de Culturismo do Estado do Rio de Janeiro, disse que a federação conta com o apoio de diversas marcas patrocinadoras comprometidas com o desenvolvimento do esporte e desconhecia qualquer ilicitude em relação a seus apoiadores. A nota também diz que a federação rompeu relações com qualquer marca sob suspeita de envolvimento em atos ilícitos.

Miguel Barbosa de Souza Costa Júnior segue preso e a polícia disse que ele ainda não apresentou advogado.

Riscos à saúde
Os anabolizantes são produtos sintéticos geralmente derivados do hormônio sexual masculino, a testosterona. No Brasil, o uso é regulamentado para tratamentos de saúde, com receita médica.

Mas a prescrição de anabolizantes para ganhos de rendimento ou fins estéticos foi proibida pelo Conselho Federal de Medicina.

Via G1